Por que RONCAR não é normal

O ronco é um “barulho" que ocorre no sono pela vibração dos tecidos moles das vias aéreas. Ele ocorre por múltiplos fatores - um idoso ronca mais do que um adulto jovem, pois apresenta maior flacidez dessa musculatura. Um obeso ronca mais do que uma pessoa mais magra, pois apresenta maior gordura acumulada no pescoço. Um indivíduo com desvio de septo, rinite ou aumento importante de amígdalas e adenoides também ronca mais do que um indivíduo sem esses achados.

O ronco também é o principal sintoma relatado por pacientes com apneia obstrutiva do sono, onde ocorre o colapso da via aérea durante o sono.  

Um estudo realizado em São Paulo, publicado pela revista Sleep Medicine, demonstrou a prevalência de 32,8% de apneia obstrutiva do sono - ou seja, quase 1/3 da população!

Caso esse colapso ocorra com frequência, o paciente apresenta um sono bastante fragmentado, dessaturação de oxigênio e suas consequências - sonolência durante o dia, dor de cabeça de manhã, cansaço e a sensação de um sono não reparador.  Alguns dizem que, mesmo dormindo durante toda a manhã em um domingo sem despertador, acordam se sentindo extremamente indispostos.

Na consulta, a queixa relatada geralmente é o incômodo do parceiro ao lado na hora de dormir. Tem gente até dormindo na sala por conta do barulho! Mas o problema não está apenas relacionado a questões conjugais.  

A longo prazo, o sono de qualidade ruim está relacionado a alteração dos hormônios da fome e saciedade e diminuição da memória e cognição. Esses pacientes apresentam, ainda, maiores chances de desenvolver pressão alta, diabetes, infarto, AVC...   

Para o diagnóstico correto e melhor tratamento, seu otorrino pode solicitar alguns exames, como a polissonografia e o exame da videoendoscopia nasal. Baseado nesses achados podemos indicar a melhor conduta - uso de CPAP, fonoterapia, cirurgias, mudança de estilo de vida...

Nós passamos 1/3 da nossa vida dormindo. Que seja um período com a maior e melhor qualidade possível.